quinta-feira, 5 de setembro de 2013

País torto - PARTE III




O Brasil é um país muito estranho. Após tanta ridicularia cometida pelas nossas elites medíocres, ganho a convicção de que o Pero Vaz, quando escreveu a tal carta fundadora, prenunciava coisas além do entendimento factual. Acredito que quando ele afirmou que “em se plantando tudo dá”, não estava fazendo referência à flora e muito menos prevendo um futuro esplendoroso para a nossa agricultura. O gajo estava falando em plantação de sandices, pois é o que mais temos de fartura, uma realidade de bizarrices que se reproduz com uma pujança maior do que coelhos no cio.
No presente momento nos encontramos numa situação político-legal que, decerto, não nos coloca no rol das nações sérias. O fato é que temos um deputado federal condenado e preso numa cela da Papuda, mas que continua deputado “legalmente”. O ministro do Supremo Marco Aurélio Mello declara que “Com a condenação, é a ordem natural das coisas, a Constituição estabelece a simples declaração da Mesa da Câmara pela perda do mandato”. Entretanto, este não foi o entendimento da classe política que resolveu colocar em votação em plenário e nesta o deputado foi absolvido.
Ao mesmo tempo em que temos o nosso Supremo Tribunal Federal fazendo a revisão de sentenças proferidas por ele mesmo, nos deparamos com um caso mais escabroso, que é o do deputado (?) federal Natan Donadon. O fato é que o deputado foi condenado à prisão (pena de 8 anos) e se encontra trancafiado na Papuda. Outro fato é que, com isso, os seus direitos políticos foram cassados. Entretanto, pelas fímbrias legais, continua deputado e assim permanecerá até o fim do seu mandato. Isso ocorreu em função da votação, na Câmara dos Deputados, que não atingiu o número de votos (secretos) necessários para a decretação de sua cassação.
A coisa é absurda e o ministro Marco Aurélio afirmou que “Não passa pela cabeça de ninguém que alguém com direitos políticos suspensos possa exercer um mandato”, mas a absurdice se aprofunda na medida em que a coisa se tornou uma realidade. Se não passa pela cabeça de ninguém, como pode acontecer na prática? Talvez uma pesquisa nos inúmeros compêndios (escritos e não escritos, capitulados ou não em lei) sobre os jeitinhos de garantir impunidade para os poderosos, possa colocar uma luz sobre tal mazela esdrúxula.
Dessa forma conseguimos nos superar e galgar um novo nível de estupidez que só é superada pela seriedade com que as autoridades analisam o assunto.
Acorda Brasil! Isso não é assunto sério, é coisa de picadeiro de circo e bem naquela hora que é reservada aos palhaços.

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