terça-feira, 17 de maio de 2016

Os arrivistas do pixuleco

A história se repete não propriamente como uma farsa, mas travestida de comédia pastelão. A fusão dos ministérios da Cultura e da Educação teve o condão de acirrar uma discussão que seria absolutamente estéril, não fosse o inestimável desmascaramento da classe “artística” que, através de declarações envolvidas numa pretensa postura de esquerda, nada mais representam do que a confissão de que nada entendem de cultura, mas que estão afiados e perseverantes em espoliar o povo através de “apoios” culturais só justificáveis numa oligarquia.
Por trás dos protestos contra a fusão ministerial, pode-se detectar claramente uma intenção de tratar da questão político-partidária do que de política cultural, não fossem os discordantes (em sua maioria esmagadora) contemplados por verbas públicas sob a justificativa escrota de contribuírem com a cultura pátria.
Assim como procedeu nos demais compartimentos sociais e no próprio Estado, no sentido de aparelhamento, os governos petistas, através de concessões individuais de verbas públicas para “artistas”, conseguiram, em grande medida, transformá-los em verdadeiros e patéticos pelegos “culturais”.
Salta aos olhos o despreparo e ignorância destes “artistas”, na medida em que, no bojo das suas manifestações, traduzem cultura como se esta fosse “arte”. Tal postura desvela um despreparo total e os desqualificam como pretensos defensores – Quixotes mal ajambrados -, baluartes da cultura.
Grosso modo (com raras exceções) estes paladinos de uma causa ensandecida, se consideram expoentes da classe artística, mas nem chegam a ser, pois representam apenas os substratos degradados de uma indústria cultural que os tornou famosos, endinheirados e portadores de privilégios que lhes garantem livre acesso aos pixulecos variados e superfaturados. Mesmo que fossem artistas na acepção da palavra, não seriam de fundamental importância para a administração da cultura de um país.
A verdadeira expressão artística independe de mídia, de fama e de condições nababescas de vida material, pois a arte é fruto do talento extraordinário e este não se situa nos mundanismos fúteis das vaidades pronunciadas. Estes manifestos/protestos não são em favor da cultura, mas literalmente em defesa de uma sinecura, na manutenção de um modus operandi que garante inúmeros privilégios a olimpianos vazios, famosos e ricos, mas destituídos de arte e de compaixão para com os despossuídos deste país, despossuídos estes que, por ironia, os idolatram, os incensam e por eles são enganados. São frutos midiáticos e não da arte.
Inúmeros projetos aprovados pela Lei Rouanet (para “artistas” famosos que dela não necessitam, pois que superavitários em suas bilheterias ou vendagens), além de injustificáveis são flagrantemente superfaturados em valores que não resistem a uma auditoria executada por crianças do jardim de infância.

Tudo isso se dá à sombra de consciências entorpecidas pela alienação produzida em suas consciências e que os levaram a um ponto-limite de esquecerem que estes pixulecos legalmente instituídos, são em verdade a expropriação de uma riqueza produzida pelo povo trabalhador que sobrevive em condições subumanas e para os quais um showzinho rebolativo, um livrinho tatibitati, uma teatralizaçãozinha feita nas coxas, nada mais são que perfumarias incultas transformadas em urros de autoritarismo e vivas à hipocrisia.

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