Fico impressionado,
matutando como o PT chegou a ser um partido dessa dimensão, acolhendo tantas
nulidades cerebrais, quando não descerebrados. Apesar de ter conseguido
aparelhar o Estado (usando a única estratégia que conhece: apelegando
movimentos sociais, apadrinhando o funcionalismo público e remunerando a militância),
é um partido de imensa fragilidade intelectual que demonstra não ter argúcia
quando submetido a tensões políticas.
Decerto que escolher um
poste/nulidade para colocar na presidência poderia parecer uma genialidade, mas
que se transformou numa tragédia. Dilma surtou, viajando na própria irrealidade
do mundo que concebe e pelas frestas do seu ensandecimento, a justiça, a
sociedade e a comunidade política (nessa ordem) adentrou nas suas mazelas como
boiada estourada desembesta trovejando no oco do mundo. Um projeto projetado
para mil anos se esboroou num verão de poucos meses, mais em função dos seus
erros do que pela força dos seus adversários.
Como é que um juiz de
primeira instância consegue desnortear e reduzir a pó a credibilidade de um
partido (que ganhou quatro eleições sucessivas), apenas cumprindo as leis
vigentes no país? Decerto que a sua força não lhe pertence naturalmente, mas
lhe foi concedida pela exorbitância de crimes cometidos por sucessivos governos
em proveito do PT. A miragem de encantamento de uma impunidade sem limites e a
ilusão do exercício de um poder sem freios se transformaram no pior pesadelo da
cúpula do Partido dos Trabalhadores que tem num único personagem a tradução da
sua voz e do seu rumo.
Hoje, o rumo que se
descortina para as lideranças do PT é o da cadeia e o único fio de esperança, a
manutenção de Dilma na presidência, se esgarça com a celeridade das urgências
nervosas.
Quando se espera que tal
cenário de terra arrasada imponha uma natural prudência nas suas hostes debilitadas
e desmoralizadas, eis que o seu mandachuva estabelece um plano mirabolante e
improvável de antecipar eleições e vencê-las e com isso calar a sociedade,
submeter as instituições e amordaçar as consciências. Improvável antecipação,
improvável eleição e impossível soerguimento político-moral para sequer
administrar um condomínio de subúrbio que tem ao lado um puteiro decadente.
Nesse surto de Alice persevera na toada de sobrepor erros e mais erros sem se
dar conta de que estes aprofundam os problemas do país, punem o povo e acirram
ódios incontroláveis. Tais ódios são cevados tanto entre os adversários quanto
nas próprias fileiras, em função de tantas traições e abandonos. José Dirceu
preferiu a cadeia à infâmia de confessar-se um crápula, mas não podemos esperar
que a Dilma traída mantenha a mesma postura contida, mesmo porquê, apesar de
cúmplice, não é natural e benquista no ninho petista.
O projeto mais imediato do
PT se resume no desespero de evitar ou adiar a prisão de um único homem, o
Lula. Tal fato nos dá a medida exata do tamanho de um partido que se imaginava
tão sólido e poderoso. Tal ambição se equivale à de muitos delinquentes
rastaqueras espalhados por todo o país: fugir da cadeia. Ocorre que tal negação
da realidade dá rédeas soltas para uma produção massiva de despautérios que em
seus deslimites flagrantes estão, por fim, afastando os aliados periféricos,
aos quais não se poderá legalmente apontar conivência ou participação direta
nos tantos desmandos para com a coisa pública. Alucinações como esta de a Dilma
discursar na ONU sobre um inexistente golpe institucional contra o seu mandato,
espanta todos aqueles que não utilizaram a beberagem do pó de ptpirlim. Com
isso, naturalmente, mesmo autoridades carreiristas que lhe devem cargos de importância
no Estado, descobrem que é dada a hora de abandonar o navio, pois a travessia
se torna inviável posto que o capitão imagina-se imperador romano e a imediata
enlouqueceu e, após trancafiar a tripulação mais ralé nos porões, anda pelo
convés ateando fogo nas dependências de lazer destinadas aos passageiros mais
aquinhoados.
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