quarta-feira, 20 de abril de 2016

O PT, o poder e a sedução do abismo

Fico impressionado, matutando como o PT chegou a ser um partido dessa dimensão, acolhendo tantas nulidades cerebrais, quando não descerebrados. Apesar de ter conseguido aparelhar o Estado (usando a única estratégia que conhece: apelegando movimentos sociais, apadrinhando o funcionalismo público e remunerando a militância), é um partido de imensa fragilidade intelectual que demonstra não ter argúcia quando submetido a tensões políticas.
Decerto que escolher um poste/nulidade para colocar na presidência poderia parecer uma genialidade, mas que se transformou numa tragédia. Dilma surtou, viajando na própria irrealidade do mundo que concebe e pelas frestas do seu ensandecimento, a justiça, a sociedade e a comunidade política (nessa ordem) adentrou nas suas mazelas como boiada estourada desembesta trovejando no oco do mundo. Um projeto projetado para mil anos se esboroou num verão de poucos meses, mais em função dos seus erros do que pela força dos seus adversários.
Como é que um juiz de primeira instância consegue desnortear e reduzir a pó a credibilidade de um partido (que ganhou quatro eleições sucessivas), apenas cumprindo as leis vigentes no país? Decerto que a sua força não lhe pertence naturalmente, mas lhe foi concedida pela exorbitância de crimes cometidos por sucessivos governos em proveito do PT. A miragem de encantamento de uma impunidade sem limites e a ilusão do exercício de um poder sem freios se transformaram no pior pesadelo da cúpula do Partido dos Trabalhadores que tem num único personagem a tradução da sua voz e do seu rumo.
Hoje, o rumo que se descortina para as lideranças do PT é o da cadeia e o único fio de esperança, a manutenção de Dilma na presidência, se esgarça com a celeridade das urgências nervosas.
Quando se espera que tal cenário de terra arrasada imponha uma natural prudência nas suas hostes debilitadas e desmoralizadas, eis que o seu mandachuva estabelece um plano mirabolante e improvável de antecipar eleições e vencê-las e com isso calar a sociedade, submeter as instituições e amordaçar as consciências. Improvável antecipação, improvável eleição e impossível soerguimento político-moral para sequer administrar um condomínio de subúrbio que tem ao lado um puteiro decadente. Nesse surto de Alice persevera na toada de sobrepor erros e mais erros sem se dar conta de que estes aprofundam os problemas do país, punem o povo e acirram ódios incontroláveis. Tais ódios são cevados tanto entre os adversários quanto nas próprias fileiras, em função de tantas traições e abandonos. José Dirceu preferiu a cadeia à infâmia de confessar-se um crápula, mas não podemos esperar que a Dilma traída mantenha a mesma postura contida, mesmo porquê, apesar de cúmplice, não é natural e benquista no ninho petista.

O projeto mais imediato do PT se resume no desespero de evitar ou adiar a prisão de um único homem, o Lula. Tal fato nos dá a medida exata do tamanho de um partido que se imaginava tão sólido e poderoso. Tal ambição se equivale à de muitos delinquentes rastaqueras espalhados por todo o país: fugir da cadeia. Ocorre que tal negação da realidade dá rédeas soltas para uma produção massiva de despautérios que em seus deslimites flagrantes estão, por fim, afastando os aliados periféricos, aos quais não se poderá legalmente apontar conivência ou participação direta nos tantos desmandos para com a coisa pública. Alucinações como esta de a Dilma discursar na ONU sobre um inexistente golpe institucional contra o seu mandato, espanta todos aqueles que não utilizaram a beberagem do pó de ptpirlim. Com isso, naturalmente, mesmo autoridades carreiristas que lhe devem cargos de importância no Estado, descobrem que é dada a hora de abandonar o navio, pois a travessia se torna inviável posto que o capitão imagina-se imperador romano e a imediata enlouqueceu e, após trancafiar a tripulação mais ralé nos porões, anda pelo convés ateando fogo nas dependências de lazer destinadas aos passageiros mais aquinhoados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário