quarta-feira, 6 de abril de 2016

O STF acovardado, corrompido ou desnorteado?

Apesar de ser um projeto de extrema perversidade e egoísmo, dá para tecer uma explicação lógica para a atuação temerária dos petistas, principalmente Lula e Dilma. É razoável acreditar que ambos buscam um confronto que possa resultar numa ruptura institucional, uma vez que esta é a única estratégia que vislumbram lhes permitir camuflar crimes comuns em punições políticas, vítimas de perseguições ideológicas.
De forma contrária não consigo dar um entendimento lógico à atuação extremamente afoita e deletéria para as instituições, ao procedimento do ministro Marco Aurélio, do STF. Não o vejo acossado ou desesperado, fugindo de algo avassalador que o conduza a produzir tamanha estupidez jurídica, uma vez que contradiz a lógica posta e cria um impasse entre o Legislativo e o Judiciário. Conceder uma liminar OBRIGANDO o presidente da Câmara a constituir uma Comissão para avaliar um pedido de impeachment do vice-presidente, Michel Temer. Assentado em robusta jurisprudência (reiteradamente decidido pelo STF e inscrito na Constituição) que afirma ser o presidente da Câmara o único com poder de decidir o encaminhamento (ou não) para constituição de Comissão de Impeachment, não poderia, sob pena de desídia, um ministro do Supremo se arrogar um poder que não lhe pertence com a agravante de ser este direito de outro poder que não o Judiciário. Desta forma, segundo a liminar insana, o ministro do STF, num golpe de caneta, usurpa o poder do presidente da Câmara, decide por ele. Pode-se, ainda, acrescentar ao desarrazoado de uma decisão que subverte a lei e a lógica formal. Em verdade, a liminar do ministro Marco Aurélio é calamitosa na medida em que gera total descontrole sobre o ritual de admissão do impeachment em toda a cadeia que o requer. Em resumo, TODAS as representações de impeachment devem ser admitidas fato este que se traduz numa obtusidade estúpida. A rigor, amanhã um pedido de impeachment contra o próprio ministro Marco Aurélio, não poderia ser arquivada pelo presidente do Senado, pois uma liminar impetrada, segundo esta jurisprudência, teria necessariamente que impor ao Senado a formação de uma Comissão para avaliar e julgar a continuidade ou não do processo.
Independente de todas estas considerações sobre legalidade e lógica, o que mais me estarrece é atinar sobre qual motivação moveu o ministro a cometer tão tresloucado gesto. Certamente ele não está, no momento, na defensiva, ainda não está com a polícia no seu encalço. Qual o interesse do ministro em contribuir substancialmente para um confronto que está sendo provocado, de forma escancara, pelos governantes (inclusive Lula, no poder “informalmente”)? Decerto a conclusão de que é movido por gratidão à Dilma, por ter ungido sua filha a uma desembargadoria que não merece (por falta de méritos), não nos parece satisfatória. Talvez o ministro, enquanto cidadão, acredite que a melhor solução para a atual conjuntura seja a convocação de eleições gerais, mas isto não é sua função enquanto ministro do STF. Como última opção, existe a possibilidade, de o ministro ter sido subornado pelo governo, fato que não espantaria mais ninguém, dadas as soberbas demonstrações de prevaricação explícitas e a existência de uma reedição do mensalão a céu aberto gozando da mais completa impunidade.
De toda sorte, no panorama atual, não mais há aquelas garantias, tradicionais e pétreas, que garantiam impunidade a atos desta natureza e acreditamos que mais dia menos dia, o ministro se verá na obrigação constrangedora de responder diante da Justiça pelos seus atos. A diferença é que nesta hora, ele estará sem a camuflagem da toga, sem a solidariedade dos honrados e fugindo da cadeia, literalmente.

Tudo isso pode acontecer se a medida da justiça passe a ser não a importância dos cargos ou o tamanho do poder, mas sim a profundidade dos crimes cometidos. Por isso tenho repetido que a força do Moro não vem do seu cargo, mas dos tantos crimes cometidos, ou seja, a fragilidade da Dilma e do Lula está na delinquência desabrida com que andam perpetrando cumulativamente e não na força de um juiz de primeira instância que apenas cumpre a sua função com diligência, competência, inteligência e muita sagacidade para lidar com tantos patifes de inesgotáveis poderes e influências indevidas.

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